10 curiosidades sobre a Proclamação da República brasileira

10 curiosidades sobre a Proclamação da República brasileira

Entenda os detalhes e curiosidades que envolveram o movimento que mudou a história do Brasil

A Proclamação da República no Brasil, em 15 de novembro de 1889, é um episódio histórico recheado de ironias, reviravoltas e, sim, alguns detalhes surpreendentes que quase nunca aparecem nas aulas de história.

Foi um movimento que transformou o país, tirando o poder das mãos da monarquia e colocando o Brasil no rumo de uma república, tudo isso sem confronto armado, sem mortes — e com um “líder” que nem sequer queria ser republicano. Pois é, a República no Brasil começou assim, meio no improviso, meio nas circunstâncias. Vamos às curiosidades!

1. Deodoro: O Marechal que quase desistiu

O primeiro detalhe que chama atenção é que o próprio líder da Proclamação da República, Marechal Deodoro da Fonseca, não era um entusiasta da causa republicana. Curioso, né? Na verdade, ele se considerava leal ao imperador e, inicialmente, sua intenção era permanecer fiel até o fim. Mas poucos dias antes do 15 de novembro, ele mudou de ideia. Sabe por quê? Acreditava que Dom Pedro II já não “regulava bem” e que o país precisava de uma renovação.

Além disso, Deodoro estava doente. Ele sofria de dispneia e foi retirado da cama na madrugada do dia 15 de novembro para liderar o movimento. Com dificuldade para respirar e sem forças para carregar a própria espada, ele teve que montar em um cavalo baio para acenar às tropas. Esse cavalo, aliás, nunca foi montado por outra pessoa até a morte do marechal, em 1906.

2. Primeiro grito Republicano surgiu muito antes

Quando pensamos na Proclamação da República, a primeira imagem que vem é a do próprio Deodoro em 1889, mas a ideia de uma república no Brasil começou muito antes disso. Em 1710, o sargento-mor e vereador de Olinda, Bernardo Vieira de Melo, já havia levantado a bandeira republicana. Cansado dos abusos dos monarcas portugueses, ele foi um dos primeiros a expressar que a solução para o Brasil talvez fosse uma república. A ideia dele foi reprimida na época, mas a semente foi plantada quase dois séculos antes da Proclamação.

3. Proclamação pacífica, com cheirinho de improviso

Diferente das revoluções em outros países, a Proclamação da República no Brasil aconteceu de maneira praticamente pacífica. Nada de tiroteios ou batalhas nas ruas. Quando Deodoro chegou ao portão do Ministério da Guerra e acenou com o quepe, as tropas se alinharam e começaram a tocar o Hino Nacional. Sem derramamento de sangue, sem resistência armada, o movimento estava consumado.

Esse pacifismo reflete um pouco do espírito da época, mas também foi fruto de um cenário onde a monarquia já estava desgastada. Havia um certo consenso, entre os militares e parte das elites, de que a monarquia já não respondia aos desafios do Brasil. Mas, ainda assim, muitos se surpreendem com a tranquilidade com que o império foi encerrado.

4. Notícia chegou a Dom Pedro II na madruga

Logo após a proclamação, alguém precisou informar Dom Pedro II. Só que, convenhamos, ninguém queria ser o portador dessa notícia complicada. No fim das contas, a missão foi dada ao major Sólon Ribeiro, que viajou até Petrópolis, onde o imperador estava. Na madrugada, Dom Pedro foi acordado para receber um telegrama com a notícia de que estava destituído.

E qual foi a reação do imperador? Com uma calma quase britânica, ele simplesmente comentou: “Estão todos loucos!” Não resistiu, não discutiu. Em poucos dias, a família imperial já estava a caminho da Europa, levando apenas algumas malas e um travesseiro com terra brasileira. Uma saída discreta, sem manifestações ou tumulto.

5. Reação da Família Imperial

Na partida, a família imperial reagiu de maneiras diferentes. A imperatriz Teresa Cristina ficou profundamente abalada; dizem que ela chorou muito. Já a princesa Isabel manteve a compostura, sem demonstrar grandes emoções. Dom Pedro II, resignado, comentou que a decisão dos líderes republicanos era “loucura”. Eles foram escoltados rapidamente até o porto e enviados para o exílio, como forma de evitar qualquer manifestação monarquista.

6. Convite recusado de Tugalândia

Ao chegar à Europa, Dom Pedro II recebeu uma oferta generosa de seu sobrinho, o rei Dom Carlos de Portugal, que ofereceu um palácio em Lisboa para que ele e sua família pudessem viver confortavelmente. No entanto, o ex-imperador recusou. Em vez disso, ele passou seus últimos dias de forma simples e humilde, levando consigo aquele travesseiro com terra brasileira, um símbolo de seu apego à pátria que ele governou por quase meio século.

7. O legado da Proclamação

A Proclamação da República trouxe mudanças profundas ao Brasil, mas não foi um processo rápido. Em seus primeiros anos, o país ainda tinha fortes resquícios do sistema monárquico, e a organização política da república demorou a ser consolidada. Com o tempo, porém, os valores republicanos de igualdade e participação começaram a ganhar espaço. O Brasil passou a se ver como uma nação em construção, com o foco em um projeto onde os cidadãos eram os protagonistas.

8. Influência da Proclamação no imaginário brazuca

Hoje, a Proclamação da República é celebrada todos os anos, mas sua importância vai além da data no calendário. O movimento inspirou gerações e ajudou a moldar o conceito de cidadania no país. Diversas obras — filmes, livros e até exposições — relembram esse momento de transformação, quando o Brasil trocou a coroa pela república.

Essa passagem da monarquia para a república ainda nos faz refletir. A república brasileira começou quase no improviso, sem grandes preparações ou apoio popular expressivo. Mas, ao longo dos anos, a ideia de uma nação governada por representantes eleitos foi ganhando força, e a Proclamação de 1889 se tornou um símbolo da busca por um país mais igualitário e justo.

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