Afinal, o que é Karen? 5 vídeos para abrir o debate e entender o meme de vez

Afinal, o que é Karen? 5 vídeos para abrir o debate e entender o meme de vez

O termo “Karen” se popularizou como um símbolo do exagero em reivindicações e comportamento arrogante, mas também gera debate: até que ponto é justo ou apenas um meme injusto?

Nos últimos anos, o termo “Karen” ganhou destaque na internet como uma expressão pejorativa para descrever mulheres, geralmente brancas e de classe média, que demonstram atitudes arrogantes e exigentes. A imagem da “Karen” clássica é a de alguém que, em situações cotidianas, tenta usar seu suposto privilégio para obter vantagens, seja exigindo falar com o gerente de uma loja por um motivo trivial ou fazendo queixas infundadas contra outras pessoas.

Mas, como em todo meme que viraliza, há nuances e polêmicas por trás dessa figura tão recorrente na cultura norte-americana. Vamos entender como o termo surgiu, o que define uma “Karen” e conhecer algumas das personagens mais icônicas que se tornaram virais na web.

Alerta de gatilho: algumas histórias são horríveis e podem embrulhar o estômago! Se você é sensível a este tema, melhor não dar o play.

O surgimento e a popularização do termo “Karen”

A origem exata do termo “Karen” é difícil de rastrear, mas começou a ganhar notoriedade como meme no final dos anos 2010, quando usuários de plataformas como Reddit e Twitter passaram a utilizá-lo para descrever situações em que mulheres exibiam comportamentos considerados inconvenientes ou problemáticos. A caricatura da “Karen” costuma incluir elementos como o famoso pedido de “falar com o gerente”, uma postura desrespeitosa com atendentes de serviços e, em casos mais extremos, atitudes racistas ou preconceituosas.

Durante a pandemia de COVID-19, o termo atingiu seu auge, sendo associado a mulheres que se recusavam a usar máscaras em locais públicos ou que espalhavam desinformação sobre a vacina. A figura da “Karen” se tornou tão difundida que, em 2020, o jornal britânico The Guardian declarou o ano como “o ano da Karen”.

Mas o que todas essas Karens têm em comum? A base do meme se apoia em três pilares principais:

1. Sentimento de direito excessivo: Uma “Karen” acredita que merece tratamento especial e que suas vontades devem ser prioritárias, mesmo em detrimento dos outros.

2. Desrespeito às normas sociais: Sejam regras de etiqueta ou leis de saúde pública, a “Karen” se destaca por desafiar aquilo que a maioria das pessoas considera um comportamento razoável.

3. Falta de empatia: A “Karen” muitas vezes age como se o mundo girasse ao seu redor, ignorando como suas ações podem afetar quem está ao seu lado.

5 Karens que viralizaram e viraram memes

Difícil de entender, né? Para ajudar a ilustrar, veja os registros em vídeos a seguir, acompanhados de uma breve descrição sobre o contexto nos quais foram filmados. Atenção: são vídeos sensíveis, que podem gerar gatilhos emocionais e algum desconforto.

Portanto, se justiça social é um tema caro para você, é melhor evitar de assisti-los! Em lugar disso, leia este texto especial sobre quitutes cozidos no vapor, para relaxar!

1. Central Park Karen: não mexe com meu doguinho!

Uma das Karens mais famosas é Amy Cooper, que foi filmada em 2020 ligando para a polícia e falsamente acusando um homem negro de ameaçá-la no Central Park, em Nova York. O homem, Christian Cooper (sem parentesco), simplesmente havia pedido que ela colocasse a coleira em seu cachorro, conforme exigido pelas regras do parque.

O vídeo mostrou Amy se exaltando, ameaçando o homem com a ligação para a polícia e alegando que se sentia em perigo. A gravação expôs o uso do privilégio racial de forma perigosa e gerou uma onda de indignação nas redes sociais, além de levantar debates sobre o racismo estrutural nos Estados Unidos. Amy perdeu seu emprego e o caso serviu como exemplo de como esse tipo de comportamento pode ter consequências reais.

2. Barbecue Becky: churrasco no parque, não poooode!

Em 2018, Jennifer Schulte, apelidada de “Barbecue Becky”, chamou a polícia para denunciar um grupo de pessoas negras que faziam um churrasco em uma área pública de Oakland, Califórnia. A justificativa de Schulte era que o grupo estaria usando uma churrasqueira a carvão em uma área onde isso não era permitido. No entanto, o incidente foi amplamente visto como uma tentativa de intimidar o grupo sem justificativa real. O vídeo do incidente mostra Schulte ao telefone, insistindo para que a polícia viesse ao local, enquanto uma das pessoas do grupo gravava e zombava da situação. O vídeo se tornou viral por expor o absurdo da situação e a falta de proporção da reação de Schulte. A imagem dela, com óculos escuros e um semblante sério ao telefone, virou um meme e o episódio se tornou um símbolo de como o racismo pode se manifestar em ações cotidianas.

Veja o vídeo na íntegra:

3. Permit Patty: probido vender água!

Também em 2018, Alison Ettel, conhecida como “Permit Patty”, foi flagrada chamando a polícia para denunciar uma menina negra de 8 anos que estava vendendo garrafas de água na rua sem uma licença. O episódio ocorreu em São Francisco e o vídeo, gravado pela mãe da menina, mostra Ettel tentando se esconder enquanto faz a ligação.

A história ganhou destaque pelo absurdo da situação e pela insensibilidade de Ettel ao confrontar uma criança que simplesmente tentava vender água para juntar dinheiro para uma viagem à Disney. O vídeo repercutiu tanto que Ettel se tornou alvo de críticas generalizadas, perdeu contratos de trabalho e acabou pedindo desculpas publicamente. O caso mostrou como uma atitude cretina pode tomar rumos inesperados e nocivos para a própria pessoa.

Veja o vídeo:

4. Victoria’s Secret Karen: escândalo por entre as lingeries

Em 2021, Abigail Elphick protagonizou um episódio bizarro em uma loja da Victoria’s Secret, onde, após tentar agredir outra cliente, se jogou no chão e começou a gritar como se fosse a vítima. O vídeo do incidente, filmado pela outra cliente, mostrou Elphick tentando golpear a mulher e, ao perceber que estava sendo gravada, fingiu estar em um estado de desespero, gritando e se contorcendo no chão.

As cenas foram amplamente compartilhadas, e muitos internautas apontaram como Elphick tentava se vitimizar para manipular a situação a seu favor. O episódio se tornou um exemplo clássico de como algumas “Karens” usam o vítimismo como uma forma de manipular a percepção pública, mostrando uma tentativa clara de inverter o papel de agressora e vítima.

Acompanhe o registro na íntegra:

5. Maskless Karen

Durante a pandemia, um número incontável de vídeos de “Karens” se recusando a usar máscara em lojas e outros estabelecimentos foi publicado nas redes sociais. Uma das mais conhecidas foi uma mulher em um supermercado Trader Joe’s, que começou a gritar com os funcionários e clientes, alegando que o uso de máscara violava seus direitos constitucionais.

Ela acusou todos ao redor de serem “marionetes” do governo e ameaçou processar o estabelecimento. O episódio se tornou viral e simbolizou a resistência de alguns grupos às normas de saúde pública durante a crise do COVID-19. O vídeo destacou o comportamento desrespeitoso e a recusa em aderir a regras básicas de convivência em nome de uma “liberdade pessoal” distorcida.

Veja como age uma Karen sem máscara:

Nem tudo é tão simples: o outro lado do debate

Embora muitos vejam a popularização do termo “Karen” como uma forma de criticar comportamentos abusivos, há também quem defenda que ele é injusto e reducionista. Alguns argumentam que, em muitos casos, essas mulheres estariam apenas tentando reivindicar seus direitos como consumidoras ou cidadãs, e que o termo serve para silenciar vozes que estariam denunciando problemas reais. Além disso, a expressão tem sido criticada por seu caráter sexista e pela generalização de comportamentos negativos em um único grupo demográfico.

O fato é que, verdade seja dita, com base nos exemplos mencionados acima, fica difícil achar que a conduta de uma legítima “Karen” seria por uma simples requisição de direitos. O que vemos é um show de absurdos e preconceitos escancarados.

Por outro lado, defensores do uso do termo apontam que o meme só se aplica a comportamentos extremos e que, quando utilizado corretamente, serve para chamar a atenção para questões como privilégio racial, racismo e comportamentos inapropriados. Como em todo debate, há um equilíbrio delicado entre crítica social e estigmatização.

No fim das contas, o que podemos aprender com as “Karens” da internet? Talvez a lição seja sobre a necessidade de empatia, respeito e a consciência de que nossos comportamentos afetam diretamente aqueles ao nosso redor. Seja para rir ou refletir, essas histórias nos lembram da importância de ser um pouco menos “Karen” e um pouco mais humano.

E se você acha que existem Karens no Brasil, veja esta teoria engraçada sobre estas personagens por aqui:

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