O romance nos animes equilibra ação, drama e emoção, transformando histórias e conquistando fãs. Mas ele sempre funciona?
Quem já assistiu a Dan Da Dan sabe que a série é uma montanha-russa de emoções: alienígenas, fantasmas, explosões e humor sem limites. Mas se engana quem acha que o anime vive só de ação desenfreada. Um dos pontos mais comentados pelos fãs foi o desenrolar do romance entre Momo Ayase e Okarun. Apesar de inicialmente ser uma surpresa, essa abordagem conquistou o público.
A cena em que os dois estão sentados no banco da escola, refletindo sobre os sentimentos, viralizou. Foi o suficiente para os fãs começarem a “shippar” o casal e criar vídeos ao som de baladas românticas. Mas será que esse espaço para o romance em um anime de ação é sempre bem-vindo?
Romance em histórias inesperadas
Não é a primeira vez que animes de gêneros variados encontram no romance um eixo narrativo. Vamos pegar como exemplo Ranma ½, uma criação icônica de Rumiko Takahashi. Embora a série seja cheia de situações cômicas e transformações bizarras, a relação entre Ranma e Akane Tendo é o coração da trama. Os conflitos amorosos entre os dois movem o enredo tanto quanto as batalhas e desventuras.
A fórmula da Takahashi não é única. Em InuYasha, outra obra da autora, o romance entre a colegial Kagome e o meio-demônio InuYasha mantém os espectadores cativados, mesmo com o pano de fundo sobrenatural e o drama envolvendo Kikyo. Esses elementos provam que o romance não precisa “brigar” com o gênero principal de um anime; ele pode enriquecer a narrativa.
Quando o esporte também se apaixona
Outra série que usa o romance como elemento central em um contexto improvável é Blue Box. A trama de Taiki Inomata e Chinatsu Kano mescla esporte e romance de forma fluida, mostrando como esses dois mundos podem coexistir.
O ponto alto do anime está no desenvolvimento lento e natural dos sentimentos de Taiki. A decisão de Chinatsu de morar com a família de Taiki traz uma tensão que dá à história um tom mais íntimo. E, honestamente, quem não gosta de uma narrativa em que o coração bate mais forte enquanto uma competição esquenta no fundo?
Veja mais um pouco sobre:
Por que o romance está ganhando força?
Nos últimos anos, houve uma mudança na maneira como os animes tratam as emoções humanas. Séries como Spy x Family e Dan Da Dan são exemplos claros de como o romance (ou a ideia de conexões emocionais) vem ganhando espaço. Isso reflete uma tendência: o público não quer apenas lutas épicas e protagonistas obcecados por se tornarem os mais fortes. Eles querem humanidade e camadas emocionais.
É interessante observar como Spy x Family, por exemplo, trabalha o “romance” entre Loid e Yor Forger de forma leve, enquanto coloca a pequena Anya no centro das atenções. Ainda que os sentimentos do casal principal sejam mais sugeridos do que confirmados, os laços familiares são o verdadeiro protagonista da história.
Em Dan Da Dan, o romance de Momo e Okarun não é o foco absoluto, mas funciona como uma pausa emocional no meio do caos. Essa alternância entre ação frenética e momentos de vulnerabilidade torna os personagens mais relacionáveis e a história mais completa.
Acompanhe a abertura:
Nem todo mundo gosta
Apesar de toda essa evolução, é fato que nem todos os fãs abraçam o romance em histórias predominantemente focadas em ação ou esporte. Parte do público sente que esses momentos podem desacelerar o ritmo ou desviar do objetivo principal da trama.
Em séries como One Piece ou Dragon Ball, por exemplo, o romance raramente tem espaço. Esses animes mantêm um foco quase exclusivo na jornada e nos desafios dos protagonistas. E, honestamente, quem consegue imaginar Goku tendo um momento romântico com Chi-Chi entre uma batalha e outra?
Problema ou enriquecimento?
No fim das contas, o romance não é um problema, desde que seja bem integrado à narrativa. Em animes como Dan Da Dan ou Blue Box, ele adiciona profundidade aos personagens e dá ao público algo mais com que se conectar. Porém, para funcionar, ele precisa estar alinhado com o tom e o ritmo da história.
Seja como uma pitada de fofura no meio da ação desenfreada ou como um elemento central que guia a trama, o romance está aqui para ficar. Afinal, quem disse que explosões e corações apaixonados não podem coexistir?
Assista ao trailer oficial: