Embrulha pra levar: cozidos no vapor, abará, pamonha e tamales têm mais em comum do que você imagina!

Embrulha pra levar: cozidos no vapor, abará, pamonha e tamales têm mais em comum do que você imagina!

Pamonha, tamales e abará: descubra as diferenças e semelhanças desses quitutes envoltos em folhas, que revelam as tradições do Brasil, América Central e África.

Quando pensamos em comidas tradicionais, uma coisa é certa: o sabor que atravessa culturas muitas vezes vem bem embrulhado. Se você já se deliciou com uma pamonha brasileira, saboreou um tamale centro-americano ou experimentou o autêntico abará baiano, provavelmente percebeu um detalhe em comum: o pacotinho do qual saem do fogo.

Apesar das diferentes influências e ingredientes, esses quitutes compartilham um elemento que vai além do sabor: todos são cozidos no vapor e embrulhados em folhas. Parece que envolver uma iguaria em folhas é o jeito mais saboroso de proteger um tesouro culinário!

Pamonha: quitute rural brasileiro que aquece memória e coração

massa de milho ralado e cozida dentro da própria palha: é a pamonha

Essa é caipira! A pamonha é praticamente sinônimo de vida no campo. Feita com massa de milho ralado e cozida dentro da própria palha, é um convite irresistível para quem passa pelas rodovias do interior. Vai bem no café da manhã, da noite, ou no lanchinho da tarde. Mas, como toda tradição que se preze, a pamonha também tem suas variações:

Pamonha doce: gosto de festa junina

Na versão doce, a pamonha é temperada com açúcar e, em algumas regiões, um toque de coco ralado. É o tipo de sobremesa que nos faz lembrar das festas juninas e dos arraiás, quando a simplicidade do milho brilha em sua forma mais pura. Quem resiste a uma pamonha doce quentinha, servida com um cafezinho?

Pamonha salgada: o amarelo que satisfaz

Já a versão salgada pode vir recheada com queijo e, para os mais ousados, com um toque de pimenta. Alguns ainda incrementam com linguiça ou carne seca desfiada, transformando a pamonha em um prato principal digno de um almoço de domingo na fazenda. A simplória, com apenas sal, também é uma pedida muito comum afinal, a cremosidade do milho é suficiente para quem opta por este sabor do campo. É de comer de joelhos!

Veja uma receita de pamonha legal:

Tamales: tradição mexicana que se espalha pela América Latina

tamales mexicanos recheados com carne de porco, frango ou vegetais

Os tamales são uma instituição na cultura mexicana e se espalham por toda a América Latina com adaptações locais. Assim como a pamonha, são feitos com massa de milho (a famosa “masa”) e envoltos em folhas de milho ou bananeira. Mas a semelhança termina aí, porque a diversidade de recheios e temperos é impressionante.

Tamales mexicanos: picância e tradição

Os tamales mexicanos são o clássico da vovó, recheados com carne de porco, frango ou vegetais, e temperados com pimentas que variam de acordo com a região. A textura firme e o sabor acentuado são marcas registradas dessa iguaria que faz parte de festas e celebrações familiares, como o famoso Dia da Candelária.

Tamales costarriquenhos: o sabor do Caribe

Na Costa Rica, o tamale ganha um toque caribenho. A massa é misturada com batata e arroz, e o recheio pode variar de carne a legumes. Envolto em folhas de bananeira, o tamale costarriquenho é uma refeição completa e muito nutritiva. Nas festas de fim de ano, as famílias se reúnem e preparam centenas de tamales, que devem cobrir os dias seguintes: é uma verdadeira festa e desfile de sabores. Vai dizer que não dá vontade de experimentar?

Tamales panamenhos: abraçando a diversidade

Já no Panamá, os tamales são mais úmidos e costumam ser recheados com galinha ou porco, com uma pitada generosa de achiote, que dá uma cor alaranjada vibrante à massa. A folha de bananeira é amarrada com cuidado, garantindo que o sabor seja preservado. Uma verdadeira explosão de sabor para quem gosta de algo diferente.

Veja uma receita dos tamales:

Abará: a alma africana da culinária baiana

massa de feijão-fradinho e temperado com azeite de dendê e camarões secos: abará

Se a pamonha e os tamales têm suas raízes no milho, o abará baiano vem direto da influência africana. Feito com massa de feijão-fradinho e temperado com azeite de dendê e camarões secos, ele é um parente próximo do acarajé, mas com uma peculiaridade: é cozido e não frito. Daí a inusitada comparação de que seria um parente também direto das pamonhas e tamales!

O abará é embrulhado em folhas de bananeira e cozido no vapor, absorvendo todo o sabor do dendê e o perfume dos temperos. É muito comum vê-lo nas barraquinhas das baianas, ao lado do acarajé, como um verdadeiro testemunho da resistência cultural africana no Brasil. E claro, é difícil comer um só!

Receita fácil de abará:

Embrulhados em Folhas: um símbolo de sabor e tradição

Embora venham de culturas diferentes, pamonha, tamales e abará têm algo em comum que vai além das folhas que os envolvem. Eles são provas vivas de que o ato de cozinhar e compartilhar comida é uma linguagem universal. Cada um desses quitutes conta um pouco da história de seu povo, seja nas feiras livres do Brasil, nas celebrações do México ou nos rituais da Bahia.

Vale lembrar que o preparo em folhas ainda aparece em outras receitas, como o Peixe assado em folha de bananeira, típico dos paraenses.

O segredo está na simplicidade de um alimento que, protegido pelas folhas, carrega sabores, memórias e tradições que sobrevivem ao tempo e ao espaço. Então, da próxima vez que você experimentar uma pamonha, um tamale ou um abará, lembre-se: o que os une não é apenas o milho, o feijão ou os temperos, mas a arte de transformar ingredientes simples em verdadeiras joias gastronômicas.

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